Publicado em 12 de Maio de 2025
Claro que há escolas para pessoas se tornarem civilizadas, mas há também escolas do meio ambiente, chamadas biomas. No Brasil temos algumas escolas importantíssimas que ensinam o equilíbrio suficiente para a diversidade de seres e plantas encontrarem seu ponto de mutação sem comprometer a paz da sua convivência. Penso que no aspecto desta convivência os biomas naturais acharam seu ponto comum com os homens, mas eles não o encontraram ainda, apesar dos séculos de escola.
O pantanal sul mato-grossense pelas aulas de convivência equilibrada entre seu amplo espectro de diversidade inspirou cantadores, poetas e criadores de gado. Criaram, além do gado, um caráter manso e uma ética tipicamente pantaneira, onde o tempo que doma a impaciência é ensinado pelo nascimento dos bezerros e pela época da cheia. Não sei se há submissão entre homem e bioma no pantanal, mas certamente há boa convivência suficiente para alimentar todos que aceitem a ética pantaneira. Homens fizeram fortuna com isso sem exibicionismo. Pássaros e peixes fizeram gerações anônimas. É uma boa escola civilizatória em tempos de mudanças climáticas, porem é preciso cuidado com a vizinhança, pois a exemplo dos incêndios na Califórnia, para onde se refugiaram os que buscavam equilíbrio existencial pelo convívio com o natural possível, aqui o perigo talvez não seja o fogo, mas a ganancia expansionista que muitos acreditam ser a chave da felicidade equilibrada.
As gerações tradicionais de criadores de gado de Mato Grosso do Sul tem sua origem na ética pantaneira, por isso, ao viverem na planície aprenderam a enxergar longe e ter paciência, menos com a ganancia apressada que, deselegante, quer atropelar a tudo e a todos.
O boi orgânico, ideia genial de pantaneiro legitimo Leonardo Leite de Barros, filho de Abílio e Carolina minha ex-professora de faculdade é o contraponto necessário pata retomar a paciência da convivência pantaneira, inaugurando uma nova sala de aula para aprenderem a não se esquecer de que o tempo e o vento levam somente o imediato. A terra, seus biomas com cabelos verdes e seres inquietos pela vida permanecem, buscando o equilíbrio das coisas. Pena que não tenha um ha para desfrutar e escrever mais sobre a ética pantaneira. Pelo menos tenho amigos Barros, Lopes Cáceres, Coelhos e Martins e outros não menos importantes, que juntos são um século de ética e vida pantaneira. Acho que agora se tornaram, por osmose pantaneira, meio bioma e meio gente, por isso se tornaram pacíficos com inteligência ecológica também, onde o dinheiro não é tudo, apenas uma forma de referencia a tradição.Como diria Geraldo Rocca
meu velho Rio Paraguai a tradição entre nós é você.
Matéria do Correio do Estado.